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Por Lorran Baeumle Gabardo, gerente de produto da Biomin

 

As espécies avícolas geralmente são consideradas mais resistentes à ZEN que outras espécies animais, como os suínos. No entanto, pesquisas recentes demonstraram o perigo potencial dessa micotoxina em aves, com efeitos não apenas no trato reprodutivo, mas também em outros sistemas e órgãos.

Considerando que existe este e vários outros conceitos errados sobre esta micotoxina, você sabe o que é verdade e o que é mito quando falamos sobre a ocorrência de ZEN na produção avícola?

1 - A ZEN não tem uma alta prevalência em rações para aves (MITO)

De acordo com a Pesquisa Mundial de Micotoxinas da BIOMIN de 2020, 67% das amostras de ração para aves analisadas entre 2016 e 2020 estavam contaminadas com ZEN (Figura 1). É interessante observar que houve um aumento da prevalência da micotoxina e dos níveis médios de contaminação nos últimos três anos desse período (2018 – 2020).


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Figura 1. Prevalência (%) e concentração (números em vermelho, ppb) de ZEN em rações para aves entre 2016 e 2020.

                               Prevalência (%) Ano / Média de amostras positivas (ppb)

Fonte: Pesquisa Mundial de Micotoxinas da BIOMIN, 2020

2 - A ZEN pode ser considerada um problema causado por uma única micotoxina em aves. (MITO)

O deoxinivalenol (DON) e as fumonisinas (FB) são produzidos principalmente por fungos do gênero Fusarium, o mesmo que produz a ZEN. Portanto, é comum encontrar essas micotoxinas combinadas. É fundamental avaliar a situação completa, uma vez que já foi comprovado que as micotoxinas têm efeitos sinérgicos negativos, o que representa um desafio para que os animais atinjam seu máximo potencial genético.

3 - As espécies avícolas são afetadas pela ZEN. (VERDADE)

As aves são capazes de converter a ZEN em α- e β-zearalenol (α- e β- ZEL). Felizmente, devido à sua rápida metabolização e excreção, as aves parecem ser mais resistentes em comparação a outras espécies, como suínos e vacas. No entanto, a ZEN ainda pode causar problemas.

4 - De todas as espécies avícolas, os frangos de corte são os mais sensíveis à ZEN. (MITO)

O α-zearalenol (α-ZEL) é considerado o metabólito mais tóxico da ZEN. Os perus jovens têm uma relação α-ZEL:ZEN significativamente mais alta em comparação aos frangos de corte, o que indica que mais zearalenona é metabolizada na forma tóxica α-ZEL, confirmando a hipótese de que os perus são mais sensíveis aos efeitos estrogênicos da micotoxina.

5 - A ZEN causa problemas reprodutivos em galinhas poedeiras e reprodutoras. (VERDADE)

A ZEN é conhecida por causar alterações no trato reprodutivo de galinhas poedeiras e reprodutoras. O efeito estrogênico da micotoxina se reflete em mudanças no trato reprodutivo de espécies avícolas. Nas fêmeas, as principais observações incluem a presença de cistos no oviduto, prolapso retal e inflamação do trato reprodutivo, enquanto em galos se observa uma redução do tamanho dos testículos. Além disso, alterações na casca e a ocorrência frequente de ovos quebrados podem indicar uma contaminação da ração de galinhas poedeiras e reprodutoras com ZEN.

6 - A ZEN só causa problemas reprodutivos em aves. (MITO)

A ZEN não só afeta o sistema reprodutivo das aves, mas também prejudica as funções imunológicas, induz o estresse oxidativo e afeta a saúde intestinal de frangos de corte. Um estudo recente demonstrou que a ZEN é responsável pelo aumento da conversão alimentar (CA) em frangos de corte durante uma contaminação natural por micotoxinas, mesmo em níveis inferiores aos recomendados pela UE. Isso se reflete também na correlação entre a ZEN e o desempenho zootécnico de frangos de corte.

7 - Os efeitos da ZEN em aves não podem ser evitados usando um adsorvente de micotoxinas. (VERDADE)

Devido à sua baixa polaridade, a ZEN é considerada uma micotoxina que não pode ser efetivamente adsorvida. Portanto, o uso de um adsorvente convencional não é eficaz para proteger os animais contra os efeitos da micotoxina. A pesquisa de novos métodos de controle revelou que as enzimas representam uma estratégia efetiva pela sua capacidade de degradar a molécula e convertê-la em metabólitos não tóxicos.
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Figura. Baixa eficácia de adsorção da zearalenona.