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A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar. (Martin Luther King)

Amigas e amigos:

Busquei esta frase para deixar claro o que continuo sentindo. O descaso e a impunidade, indiscutivelmente, levam à injustiça e ela está em qualquer lugar, ameaçando a justiça em todo o lugar.

Isso porque nesta sexta-feira, se completam nada menos do que 127 meses ou 3.810 dias do brutal e covarde assassinato do meu amado filho Mário, ocorrido em 29 de setembro de 2005. Todo esse tempo passou, sem que as nossas chamadas autoridades da segurança pública conseguissem identificar os verdadeiros assassinos desalmados e os encaminhá-los à Justiça.

É um descaso hediondo, tanto quanto o próprio assassinato que ceifou a vida do meu amado filho Mário antes que pudesse completar 21 anos de idade. Foi numa noite em que se dirigia a uma confraternização com amigos de infância e colegas de escola. Meu amado filho Mário cultivava com amor e carinho, as amizades de infância e tinha um apreço especial por seus colegas de escola e faculdade. Não chegou ao encontro, pois foi covardemente assassinado momentos antes.

Nesse tempo todo, tenho me debatido e cobrado das autoridades, uma resposta plausível, mas o meu esforço tem sido em vão, parece. Entra governo, sai governo, mudam-se os secretários de segurança, mas o descaso e a falta de vontade política para se elucidar esse cruel assassinato, permanece. Centenas e centenas de correspondências eletrônicas tenho encaminhado para tentar sensibilizar essas autoridades. Insensíveis, continuam inertes: não conseguem identificar os reais assassinos. Como esse, há mais de uma dezena de crimes semelhantes.

Um dia, quem sabe, a Justiça será feita. Minha esperança continua palpitante. Minha fé em Deus, também. Continuo esperando que o Estado faça a sua parte, cumpra com seu pape constitucional e apresente ao poder Judiciário, os verdadeiros assassinos do meu amado filho Mário.

Enquanto isso não acontece, permanecerei com a imensa saudade, com essa dor intensa que parece explodir no meu peito e com as lágrimas que brotam espontaneamente a cada dia dos meus olhos. Bem distante de qualquer sentimento de vingança, minha busca é por Justiça. Sei que como eu, há um expressivo número de pais que perderam seus filhos amados clamando por Justiça.

Minha luta também é a deles.

Nesses 127 meses, nem é possível se saber quantas outras famílias esses mesmos assassinos desalmados enlutaram. Até agora, foram premiados pelo Instituto da Impunidade. Continuam à solta, enquanto nós, cidadãos de bem, nos cercamos de grades e torcemos para estarmos vivos no amanhã.

Sérgio, pai do Mário


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