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Categoria: Cidades
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A informação de que Sarzedo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, recebeu uma carga altamente tóxica gerou temor entre moradores do município. O material químico veio da Baixada Santista, em São Paulo, para ser incinerado na empresa Ecovital, no Distrito Industrial Benjamim Ferreira Guimarães, distante 31 km da capital mineira.
 
Dentre os compostos transportados para Sarzedo, em veículos preparados para esse tipo de carga, está a substância conhecida como "pó da china", que está proibida no Brasil desde 2006. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o pó da china, composto pelo pentaclorofenato de sódio, é altamente tóxico para humanos e animais. A substância afeta severamente o fígado, os rins, a pele, os pulmões, além do sistema nervoso, sistema endócrino e imunológico, podendo provocar delírio, febre, convulsão e outros.

A polêmica motivou o vereador Alexandre do Betuel, conhecido como "Xandão", enviar ofício para a prefeitura solicitando cópia dos alvarás de funcionamento da empresa na cidade. Além disso, o parlamentar tenta proibir que rejeitos perigosos continuem sendo levados para Sarzedo.

Por causa do pavor da população, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) abriu inquérito para investigar o caso, que está sob a responsabilidade da promotora Isabela de Carvalho, da 5ª Promotoria de Ibirité, comarca responsável por Sarzedo. Segundo o órgão, como o procedimento é recente, os fatos ainda estão sendo apurados. A promotora optou por não se pronunciar.
 
Já o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema), do governo de Minas, informou que a transferência da carga tóxica ocorreu dentro dos padrões exigidos pela legislação. E reforçou que, até o momento, nenhuma denúncia formal de irregularidade foi protocolada. "Em caso de denúncia, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável vai apurar o caso e, em caso de dano ambiental, tomará todas as providências cabíveis", frisou.
 
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que concedeu a licença para o transporte insterestadual da carga tóxica, também tratou de tranquilizar os moradores da região. Conforme o órgão federal, a Ecovital "está com todas as licenças em dia". A prefeitura do município, por sua vez, informou que não foi comunicada sobre a chegada na carga tóxica na cidade.
 
Perigo
 


Temperatura do forno varia entre 800 a 1.000 ºC Ecovital/Divulgação

No total, a empresa sediada em Sarzedo recebeu 534 toneladas de solo contaminado com organoclorados enviados pela Rhodia. De acordo com a Ecovital, a carga foi tratada entre 16 de setembro de 2015 até o último dia 8. "O processo obedeceu os mais rigorosos padrões de segurança utilizados pela usina em sua operação de incineração. Esse processo não polui o ar, não tem cheiro e não oferece risco à saúde da população", garantiu.
 
A Rhodia reforçou que "obteve todas as autorizações necessárias dos órgãos competentes para o envio de material resultante de processo de recuperação ambiental para incineração na empresa EcoVital". Além disso, a empresa disse que as áreas contaminadas na Baixada Santista estão sob controle, e são permanentemente vigiadas e monitoradas. "A empresa tem adotado ações e iniciativas para a recuperação ambiental dessas áreas, sob a supervisão das autoridades relacionadas com o assunto".

Incineração
 
A Ecovital fica em um terreno de 41 mil m² e tem capacidade para incineração de 5,5 toneladas de resíduos por hora e de 12 toneladas de resíduos para tratamento por dia. O Sisema explicou que as cinzas geradas no interior dos fornos da empresa são descarregadas em recipientes metálicos. Depois de resfriadas, são acondicionadas em tambores e encaminhadas ao galpão de armazenamento temporário, para posterior envio a um aterro industrial de resíduos sólidos perigosos.
 
Ainda segundo o Sisema, "os produtos de combustão incompleta são emitidos em quantidades não significativas na atmosfera, uma vez que os gases são tratados em uma câmara de pós-queima, sendo o produto final, geralmente, constituído de dióxido de carbono e água".
 
O governo de Minas garantiu, ainda, que todo o processo de emissão de gases tem monitoramento contínuo por meio de um Controlador Lógico Programável (CLP). "Qualquer perda da condição de controle dos parâmetros críticos, a exemplo de emissões de oxigênio e de monóxido de carbono, além da temperatura e da pressão do forno, provoca o travamento automático do processo".

 

 

HD/R7