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Categoria: Política
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O militante foi fundador do PT, mas rompeu com partido após mensalão e destacou-se no PSOL

O ativista político Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) morreu, na tarde desta terça-feira (8), vítima de câncer nos ossos. Plínio ficou cerca de um mês internado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para se tratar da doença.

 

"O Sr. Plínio Soares de Arruda Sampaio faleceu na tarde desta dessa terça-feira (8), no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em decorrência de falência de múltiplos órgãos e sistemas", informou o hospital, em nota assinada pelos médicos Antônio Carlos Onofre de Lira, superintendente técnico hospitalar, e Paulo Cesar Ayroza Galvão, diretor clínico.

Em nota, PSOL lamentou a morte do político. "O PSOL e o país perderam um grande protagonista da história recente e da luta pela justiça social e pela democracia no Brasil", afirma o texto.

A candidata do partido à Presidência, Luciana Genro, também lamentou a perda. "Plínio partiu com a consciência do dever cumprido, após décadas de luta em defesa da igualdade e da justiça social", escreveu.

"Lamentamos profundamente o falecimento de Plinio de Arruda Sampaio. Uma perda irreparável para a esquerda e para o Brasil", afirmou, pelo Twitter, o deputado Ivan Valente, do PSOL.

Também pelo Twitter, Luiza Erundina afirmou: "A partida do Plínio Sampaio nos causa a nós, seus amigos e companheiros, uma profunda tristeza e ao Brasil, uma enorme perda".

"Plínio de Arruda Sampaio dedicou sua vida a um Brasil justo, solidário e democrático. Foi um promotor de Justiça exemplar; um deputado constituinte vibrante; um homem público de convicções. Em nome dos paulistas, deixo meus sentimentos à sua família", afirmou, em nota, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Candidato mais velho

Aos 83 anos, Plínio entrou para a história política do País como o candidato mais velho a disputar a presidência da República. Em 2010, ele concorreu ao cargo pelo PSOL e ficou marcado por seu comportamento irreverente nos debates eleitorais. Terminou em quatro lugar, com menos de 1% do total de votos válidos.

A relação de Plínio com a política começou há mais de 60 anos. Promotor público aposentado e mestre em desenvolvimento econômico internacional pela Universidade de Cornell (EUA), ele tem sua história política marcada pela atuação junto à Igreja Católica e pela defesa da reforma agrária.

Formado em Direito, começou a militar na Juventude Universitária Católica e acabou presidindo a associação. Aos 32 anos, conquistou o primeiro cargo eletivo — foi eleito deputado federal pelo antigo Partido Democrata Cristão.

Foi nesse período que Plínio relatou o programa de reforma agrária do governo do presidente João Goulart. Depois do golpe militar, ele teve os direitos políticos cassados e acabou no exílio. O cargo de promotor, que exercia desde 1954, também foi cassado, voltando a ser reconhecido somente em 1984.

Fundação e ruptura com PT

Depois de recuperar seus direitos e retornar ao Brasil, Plínio de Arruda retomou sua luta política e se dedicou a criar um partido socialista. Ele foi um dos fundadores do PT (Partido dos Trabalhadores), legenda pela qual se elegeu novamente deputado federal, integrou a Assembleia Constituinte de 1988 e concorreu ao governo de São Paulo, também na década de 1980.

Após mais de 20 anos filiado ao PT, Plínio rompeu com o partido em 2005, logo depois do escândalo do mensalão. A saída não foi amigável e o ativista político fez questão de pontuar suas insatisfações. Em seu blog na internet, Plínio deixou clara sua frustração.

Assim que saiu do PT, Plínio passou a integrar o PSOL e fazia parte da direção nacional do partido. Além da candidatura à presidência da República, ele também tentou o governo de São Paulo em 2006, mas não foi eleito.

Eleições 2014

Antes de ficar seriamente debilitado pelo câncer, o político trabalhou ativamente para emplacar a ex-deputada Luciana Genro (PSOL-RS) como candidata do PSOL ao Planalto nas eleições de outubro.

Depois que o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) desistiu da candidatura, a vontade de Plínio de Arruda foi atendida. Luciana foi oficializada candidata do PSOL na convenção nacional do partido, realizada no fim de junho.


R7