Médicos contratados pelo IBDS, organização responsável pelos centros de tratamento contra COVID-19, em Betim, afirmam que não receberam pelos serviços

 
Cecovid-4, aberto no prédio do Centro Materno-infantil, para atender os casos mais graves da COVID-19 em Betim, na Região Metropolitana de BH(foto: Roberto Maradorna/Divulgação)

 

Médicos de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, contratados para atuar nos centros de tratamento emergencial da COVID-19 no município, afirmam que não receberam pelos serviços prestados. Os profissionais, terceirizados geridos pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS), denunciam um calote de quase R$3 milhões e um impasse que se arrasta por anos.

 

No auge da pandemia de COVID-19, o IBDS assumiu a operacionalização do hospital de campanha de Betim. Na luta contra a doença, houve a necessidade de contratação imediata e repentina de profissionais, por isso, muitos médicos foram contratados em regime de pessoa jurídica (PJ). Agora, a equipe médica da UTI COVID denuncia o não pagamento de três notas fiscais, que totalizam mais de R$2,7 milhões.

O imbróglio já se arrasta por quase dois anos. Os médicos atuaram no hospital de campanha e após o fechamento do local, em julho de 2021, foram alocados em outras unidades de saúde do município. Os valores devidos são referentes aos serviços prestados em agosto e setembro. Meses antes, no entanto, os profissionais já denunciavam o atraso do IBDS nos pagamentos, que começaram em março desse mesmo ano.

O Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG) tentou intermediar a situação, mas não houve acordo. "O IBDS reconhece o débito, jogando a conta no colo da Prefeitura de Betim. Por outro lado, o executivo municipal afirma que fez todos os repasses devidamente à organização social. O fato é que os médicos, tendo prestado o serviço dignamente, simplesmente não receberam, receberam foi um calote", disse Samuel Pires, diretor do Sinmed-MG e médico em Betim, em conversa com a reportagem.

Segundo ele, os profissionais ofereceram até mesmo um acordo para resolver o conflito de modo amigável, sem envolver a Justiça, mas o IBDS recusou. "Eles não contavam com o débito e simplesmente não pagaram. A prefeitura também não se vê como corresponsável nessa situação, já que alega ter feito todos os repasses financeiros", detalha Samuel.

"Estávamos na linha de frente, nos expondo a riscos, tendo problemas inerentes à nossa saúde também, tendo que ficar longe da família pelo risco de exposição à COVID e agora passar por essa situação", desabafa um profissional à reportagem.

Divergências entre IBDS e Prefeitura de Betim


Em novembro de 2021, após sucessivas denúncias de atraso nos pagamentos dos médicos terceirizados, a Prefeitura de Betim publicou uma declaração de inidoneidade do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS). Isso significa que a entidade está impedida de celebrar contratos ou qualquer tipo de parceria com o poder público até que se regularize os pagamentos aos profissionais contratados.

Com isso, a prefeitura ainda se esquiva da responsabilidade, segundo o Sinmed, já que informa que os repasses financeiros foram devidamente repassados à organização social. Na época, o município também alegou ter instaurado um processo administrativo para apurar a postura da entidade diante dos acertos.

Por outro lado, o IBDS justificou terem faltado alguns ajustes contratuais nos repasses feitos pela Prefeitura de Betim e cobra verbas extras da prestação final de contas. O pedido iria passar pela análise do município.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Betim e o IBDS, e aguarda um retorno com mais detalhes sobre o caso.

Histórico de problemas


Em 2021, o contrato de gestão de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Divinópolis, no Centro-Oeste mineiro, feito pelo IBDS, foi rescindido, após denúncias de funcionários sobre a falta de medicamentos para sedação e bombas de infusão para tratamento de pacientes com COVID-19 no hospital de campanha do município.



UAI


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