É um fato que a obesidade infantil é um problema alarmante. A Organização Mundial de Saúde estimou que são 42 milhões de crianças obesas no mundo, considerando apenas as que têm cinco anos ou menor de idade. Além disso, acreditam que até 2022 existirão mais crianças obesas do que abaixo do peso.

É alarmante ou não é? E o mais complexo disso é que as causas da obesidade infantil são variadas, a começar por uma alimentação rica em açúcares e gorduras, a aspectos genéticos. Além disso, o mundo moderno tem um outro fator de risco que deve ser considerado. São os dispositivos eletrônicos, como celulares, tablets, televisão e computadores, que também são grandes vilões por acarretar no sedentarismo.

Apesar do consumo de telas ser cada vez mais frequente no mundo inteiro, esse hábito está tornando as crianças mais sedentárias. Segundo a OMS, 80% dos adolescentes não são suficientes ativos fisicamente. De acordo com o estudo Sedentary Behaviors in Today’s Youth: Approaches to the Prevention and Management of Childhood Obesity: A Scientific Statement From the American Heart Association, publicado no periódico American Heart Association, o excesso de tempo que as crianças têm estado em frente às telas estão diretamente ligadas ao sobrepeso e a obesidade.

Os números são bastante preocupantes e apontam para uma grande possibilidade de que esses indivíduos se mantenham obesos ou com sobrepeso durante a vida adulta. A obesidade nessa fase prejudica a saúde, não somente na área física, como também a psíquica e a vida social. Com causas multifatoriais, a obesidade está sofrendo maior estímulo por parte de características socioculturais e comportamentais da sociedade atual.

A fim de amenizar a crescente obesidade, a OMS divulgou uma cartilha orientando que crianças menores de cinco anos, passem menos tempo diante das telas e mais tempo se exercitando, já que pertencem a uma faixa etária crucial para o desenvolvimento de um estilo de vida. Segundo a instituição, menores de dois anos não devem ter contato com telas. 

Por isso, os pais, mais do que nunca, desempenham um papel fundamental na criação de hábitos saudáveis. Manter as crianças longe de seus dispositivos não é fácil, mas os pais precisam impor regras e limites. Elas sempre encontrarão o que fazer se o tempo com dispositivos eletrônicos for restringido.

É bom esclarecer que o tratamento da obesidade em crianças e adolescentes deve ser multidisciplinar, contando com o acompanhamento obrigatório de uma equipe de profissionais qualificados, desde um nutricionista até um instrutor de esportes. Mas também alerta que a mudança comportamental de toda família é a principal ferramenta no combate à doença.

Uma outra saída são as cirurgias. Porém, o tratamento medicamentoso e cirúrgico em crianças é totalmente contraindicado. Já em adolescentes, a prática deve ser realizada somente em casos excepcionais, com a indicação formal de toda a equipe. No fundo, o melhor mesmo é prevenir.

O autor Dr. Henrique Eloy é médico especialista em cirurgia, endoscopia bariátrica e gastroenterologia

 


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