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Dr. Rafael Ribeiro Santos – CRMMG 45.677 - Médico Psiquiatra – Corpo Clínico Biocor Instituto.

Graduação em Medicina pela UFMG

Residência de Psiquiatria pelo Instituto Raul Soares – FHEMIG,

Mestre em Neurociências pela UFMG.

                Suicídio é definido pela Organização Mundial de Saúde como ato realizado por uma pessoa com ciência e expectativa de resultados fatais. Trata-se de tema que nos afeta profundamente. A perplexidade e incompreensão acerca de atos tão extremos tentados ou cometidos por familiares, amigos ou, mesmo, celebridades é inevitável. Torna-se patente o quão desafiador é abordar e prevenir o suicídio.


Apesar do tabu que circunda o assunto, mortes por suicídio não são infrequentes, tornando a questão bastante relevante em saúde pública. Estima-se que cerca de um milhão de pessoas cometem suicídio anualmente no mundo, sendo a décima causa de morte e responsável por 1,5% de todas as mortes. Taxas de suicídio variam de acordo com a idade, raça, sexo, religião, cultura ou país. No Brasil, estima-se que aproximadamente 24 pessoas cometem suicídio diariamente, segundo o Ministério da Saúde. Fatores de risco sociodemográficos associados são: sexo masculino, idade entre 14-40 anos ou acima dos 65, ser separado, solteiro ou viúvo, extremos socioeconômicos, áreas urbanas, desemprego ou aposentadoria e isolamento social. Outros fatores relevantes são características de personalidade (impulsividade, labilidade afetiva, rigidez); predisposição genética, eventos pré e perinatais; história familiar de suicídio; transtornos do humor ou alcoolismo; instabilidade familiar; abuso sexual ou outros eventos traumáticos na infância. Aproximadamente 90% dos êxitos letais são perpetrados por pacientes com transtornos mentais. Depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia e dependência química são as patologias psiquiátricas com as maiores taxas de incidências de autoextermínio, sendo comum a presença de comorbidades psiquiátricas. É relevante ainda a presença de doenças crônicas incapacitantes ou terminais, crises psicossociais em curso, disponibilidade de meios, exposição prévia a modelos, suporte sociofamiliar precário, desesperança e principalmente, histórico de tentativas prévias.

É desejável delinear epidemiologicamente tal agravo para estratégias populacionais de prevenção, mas abordar diretamente o indivíduo em risco de autoextermínio revela-se igualmente importante. Alterações comportamentais podem sinalizar sofrimento psíquico, principalmente se há relatos de ideias de morte ou até claramente suicidas. Conversar abertamente, perguntando sobre ideias suicidas e oferecendo apoio emocional de forma confortante e sem julgamentos permite avaliação inicial sobre a necessidade de atenção psicossocial imediata e reais intenções de suicídio. Atendimentos psicológicos e psiquiátricos de urgência permitem quantificar os riscos e orientar pacientes e acompanhantes sobre a conduta e tratamento adequados (necessidade de internação, uso de psicofármacos, psicoterapia etc.). Diagnóstico e tratamento psiquiátrico precoce minimizam a ocorrência de tais atos e mortes. O preconceito que envolve pensamentos e tentativas suicidas deve ser combatido para que os indivíduos em sofrimento possam ser tratados de forma humanizada, retomando qualidade e apreço à vida.

Se observadas alterações comportamentais acima expostos é essencial buscar ajuda profissional mantendo vigilância preventiva.


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