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O tipo 2 da doença é a sua forma mais comum, abrangendo cerca de 90% dos pacientes

 

Atualmente no Brasil, 14,3 milhões de pessoas convivem com o diabetes, o que representa 9% da população, segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). O tipo 2 da doença é a sua forma mais comum, abrangendo cerca de 90% dos pacientes. Crônico e progressivo, o diabetes pode causar problemas renais, cegueira, surdez, impotência sexual, infarto, amputação de membros, dentre outros.

Visando amenizar este quadro e seguindo exemplos de países como a Inglaterra e Estados Unidos, o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou em novembro deste ano, o parecer número 38/2017, que classifica a cirurgia metabólica como opção de tratamento do diabetes mellitus tipo 2. De acordo com o cirurgião bariátrico e diretor do Instituto Mineiro de Obesidade (IMO), Leonardo Salles, a cirurgia metabólica promove o aumento da produção e descarga de incretinas. “Estas substancias estimulam a célula Beta do pâncreas e aumentam a produção de insulina na corrente sanguínea, ao mesmo tempo que a redução do peso diminui a resistência insulínica periférica”, afirma.

Segundo Leonardo Salles, com a aprovação dos métodos cirúrgicos como tratamento do diabetes, os pacientes irão reduzir drasticamente a necessidade de medicações, muitas vezes podendo suspende-las por completo. “Quando participei do Diabetes Surgery Summit (DDS) na cidade de Roma em 2007, já vinha defendendo essa nova maneira de tratamento do diabetes. Esse foi o primeiro encontro mundial a discutir e propor a cirurgia para o tratamento da doença”, comenta.

Ao justificar o parecer, o CFM afirmou que ao reduzir o peso, a cirurgia ajuda a diminuir as taxas de glicose, pois estimula a produção de substâncias corporais que acabam reduzindo a resistência à insulina e preserva o pâncreas. O órgão é responsável pela produção do hormônio, que por sua vez desempenha papel indispensável durante o metabolismo dos carboidratos no sangue.

Em um parecer que fundamentou o documento do CFM em parceria com membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e de outras instituições, foi comprovado por meio de trabalhos científicos que o tratamento cirúrgico regulariza a glicemia de diabéticos em 81% das vezes em um período de três anos. Já um artigo associa os efeitos do procedimento a níveis glicêmicos normais durante dez anos em 36% dos casos.

Direcionada a pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) entre 30 e 34,9 (obesos em grau inicial) e que não obtiveram resposta eficaz a tratamentos clínicos convencionais contra o diabetes, a cirurgia metabólica segue o mesmo processo da cirurgia bariátrica, se diferenciando somente no âmbito dos objetivos, pois a primeira procura controlar a doença e a segunda foca inicialmente na perda de peso.

Dentre os tipos de cirurgias bariátricas permitidas para o tratamento do diabetes estão o Bypass gástrico e a gastrectomia vertical, que devem ser realizados após a autorização de dois endocrinologistas, conforme especificações do parecer do conselho.

Segundo Leonardo Salles, o Bypass – que significa desvio em inglês –, consiste em um grampeamento do estômago. “Durante a cirurgia do Bypass, o estômago é dividido em duas partes, sendo uma menor, por onde o alimento irá percorrer, e outra maior que ficará isolada do trânsito alimentar. O estômago já reduzido, é então unido ao intestino para que o alimento possa seguir seu curso. A cirurgia pode ser realizada tanto por incisão abdominal quanto por videolaparoscopia, sendo essa última a que apresenta melhor ganho estético e menor desconforto no pós-operatório”, esclarece.

Já na gastrectomia vertical, o cirurgião explica que a técnica consiste no ressecamento de uma grande parte do estômago pela grande curvatura do mesmo, transformando-o em um “tubo”. “Esta técnica não faz nenhum tipo de desvio dos intestinos, porém retira dois terços do estômago, sendo indicada como a segunda opção para o tratamento do diabetes tipo 2, se o Bypass não puder ser realizada”, aponta Leonardo Salles.

O documento também exige que o paciente tenha idade mínima de 30 anos e máxima de 70, sendo obrigatório o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar antes e depois do procedimento. O parecer ainda aponta que os pacientes somente devem recorrer ao método se o diabetes tiver diagnóstico há menos de dez anos, pois assim o pâncreas tem maiores possibilidades de estar preservado e a cirurgia pode surtir efeitos mais significativos. Pacientes com dependência química ou com histórico de doença mental precisam passar por uma avaliação psiquiátrica, antes de receberem a autorização para a cirurgia


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