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Problema da dificuldade de acesso a diagnóstico precoce foi destaque no Fórum Sudeste de Políticas de Saúde em Oncologia que aconteceu em Belo Horizonte e reuniu gestores públicos e entidades de classe para debater o tema

No dia 13 de junho, o Instituto Oncoguia realizou o primeiro Fórum Sudeste de Políticas de Saúde em Oncologia na cidade de Belo Horizonte. O evento reuniu cerca de 100 pessoas e 12 palestrantes e debatedores entre especialistas em oncologia, gestores públicos e organizações de classe para discutirem os principais problemas enfrentados por pacientes com câncer que dependem do SUS e da saúde suplementar. A dificuldade de acesso ao diagnóstico precoce se destacou entre os principais problemas apontados por praticamente todos os palestrantes.

"Hoje garantir o diagnóstico precoce de um câncer é sabidamente relacionado a maiores chances de cura e melhores resultados dos tratamentos. E para que isso aconteça, as fases iniciais de descoberta da doença precisam ser primordialmente rápidas: a realização de exames, o acesso ao especialista e o início do tratamento", pondera Luciana Holtz, , presidente e fundadora do Instituto Oncoguia, ONG organizadora do Fórum Sudeste de Políticas de Saúde.

O Presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Clóvis Klock, ressaltou o problema no acesso a anatomia patológica e à biópsia, etapas fundamentais para o diagnóstico do câncer, dados também comprovados pela sindicância do TCU (Tribunal de Contas da União). "A biópsia para ser de qualidade precisa respeitar processos: o material coletado precisa ser fixado em formol 10% em frasco tamponado e enviado ao laboratório de patologia em no máximo 72 horas. Mas temos uma grande defasagem de patologistas e laboratórios de patologia em muitas cidades do Brasil, principalmente no interior, e assim, o que vemos são materiais que precisam viajar para outras cidades e até estados e que demoram meses e às vezes até anos para serem examinados", comenta Klock.

Geovani Ferreira Guimarães, 2º vice-presidente regional do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) e Hermógenes Vanelli, Vice-Presidente do Conselho de Secretários Municipais da Saúde de Minas Gerais (COSEMS-MG), gestores ligados à atenção primária e secundária da saúde, mencionaram o desafio do financiamento. A falta de profissionais capacitados, as filas de espera e cotas de exames também foram citados por outros especialistas como responsáveis pelo desafio do acesso ao diagnóstico precoce. "Existe muito equívoco na distribuição de equipamento e de verbas advindas de emendas impositivas que nem sempre correspondem às reais necessidades dos municípios", apontou Hermógenes Vanelli.

Sérgio Dias Henriques, Diretor Administrativo do Hospital do Câncer de Muriaé, destacou o quanto a dificuldade de acesso ao diagnóstico prejudica o tratamento. "Hoje, a maioria dos nossos pacientes chega para receber cuidados paliativos." Sérgio apresentou dados do registro hospitalar da sua instituição que mostram a realidade dos casos avançados. "Todos os dados a seguir representam pacientes que já foram diagnosticados nas fases 3 ou 4 da doença: 82% dos casos de câncer de pulmão e 52% dos casos de câncer colorretal, por exemplo".

O cenário se confirma também pelos dados apresentados pelo responsável técnico pela Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia de Poços de Caldas (UNACON MG), Tobias Engel. "Em 2016, 45,9% dos pacientes oncológicos recebiam o diagnóstico já em estágios avançados, três e quatro, segundo dados do Datasus. Se considerarmos tipos específicos de câncer, como pulmão e próstata, esses números sobem para 82,6% e 55,4% respectivamente."

E como melhorar este cenário? "Faltam planejamentos e definição de prioridades no universo do câncer. Ao promover esses debates regionais e locais ficam ainda mais evidentes a urgente necessidade de educarmos a população com informação de qualidade, intensificarmos a promoção e prevenção, adotarmos planejamentos estratégicos baseados em evidências reais ou seja, conhecer os dados e focar nos problemas enfrentados pelos pacientes", conclui Luciana Holtz.

O canal Ligue Câncer do Oncoguia realizou 340 atendimentos procedentes de Minas Gerais nos últimos três anos. Destes, 27% eram pacientes de câncer de mama, 11% de próstata e 6,7% de colorretal. Os principais temas abordados nas ligações foram: 51,3% dúvidas sobre direitos sociais, 11,4% conhecer o Oncoguia , 5,3% dúvidas referentes ao tratamento , 3,6% dificuldades para realizar exames e 3,3 % dificuldades de acesso a imunoterapia . Em direitos sociais, 16% dos atendimentos foram sobre isenção de impostos, 10% sobre isenção de IPTU, 9,3% sobre auxílio doença, 8,9% dúvidas sobre o SUS, 8,9% sobre isenção de imposto de renda e 7,5% dúvidas sobre transporte coletivo urbano para pacientes.

Para conferir o que mais rolou no fórum, acesse oncoguia.org.br

 

O Instituto Oncoguia é uma associação civil sem fins lucrativos fundada em 2009 cuja missão é ajudar o paciente com câncer a viver melhor, por meio de ações de educação, conscientização, apoio e defesa de direitos.

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