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De 2003 a 2013, aumento dos anos médios de estudo foi de 36% entre a população de baixa renda. Entre os 20% mais ricos, o crescimento foi de 4%. Criação do Bolsa Família contribuiu para a redução da desigualdade na educação

Brasília, 16/06/2015 – A população mais pobre está estudando mais e o programa Bolsa Família potencializou o resultado na última década. O tempo de permanência na escola entre os 20% mais pobres com até 21 anos cresceu 36% entre 2003 e 2013. Entre os 20% mais ricos, os anos de estudo aumentaram 4% no período.


A redução da desigualdade pode ser percebida desde o início dos anos 1990. Em 1992, os 20% mais pobres registravam, em média, 3,8 anos de escolaridade. Em 2013, essa média alcançou 8,3 anos de estudo, ou seja, mais do que dobrou o tempo de escolaridade da população mais pobre. Entre os 20% mais ricos, a média passou de 9,1 anos para 11,7 – 28% a mais.

O resultado aparece em levantamento feito pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo revela também que o Bolsa Família contribuiu para a redução da desigualdade ao exigir e acompanhar a frequência escolar de crianças e jovens. Comparando o período de 2003, ano de criação do programa de transferência de renda, com 2013, o tempo de permanência nos estudos entre os 20% mais pobres saltou de 6,1 anos para 8,3. Entre os 20% mais ricos, a média de anos de estudo passou de 11,2 para 11,7 anos.

Adequação idade-série aos 15 anos de idade

Dados da Pnad mostram que é cada vez maior o número de alunos com 15 anos da rede pública de ensino que estão na série adequada. Em 2001, apenas 24,4% dos alunos entre os 20% mais pobres se encaixavam no nível escolar correto. Com a criação do Bolsa Família, mais jovens tiveram acesso à educação e 33,6% alcançaram a série adequada aos 15 anos. Após 10 anos, esse número saltou 63%. Em comparação com os demais estudantes da rede pública, o crescimento no mesmo período foi de apenas 13%.


Superação – Além de garantir complementação de renda às famílias, o Bolsa Família permite que uma geração de brasileiros supere a pobreza por meio dos estudos. É o caso de Dorival Gonçalves dos Santos Filho, 32 anos. Natural de Piedade, cidade no interior de São Paulo, ele passou boa parte da infância acompanhando a mãe no lixão. Catava material reciclável para tentar vender e garantir algum dinheiro complementar à renda da família.

A trajetória de pobreza fez com que Dorival deixasse os estudos na 8ª série, embora a mãe, Crélia de Oliveira, que só chegou à 4ª série, sempre o incentivasse a estudar. A volta aos estudos aconteceu bem mais tarde, quando ele já havia completado 20 anos. “Não pensava em ir pra faculdade. Quando surgiu o ProUn i [Programa Universidade para Todos], pensei em tentar o programa, mas queria mesmo terminar o ensino médio.”

Em 2004, com a complementação de renda do Bolsa Família paga à mãe, Dorival sentiu-se motivado a tentar o ensino superior. “Com o Bolsa Família, a renda deu uma melhorada e eu fui buscar meu sonho”. Hoje, ele cursa doutorado em Linguística na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

 

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