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*Sineimar Reis

  Tira a Dilma depois tira o resto, é a mesma coisa que matar o macaco sendo que o problema são os mosquitos. O surto de febre verde e amarela, que começou em 2014, finalmente parece ter sido controlado. Após diversas campanhas do Governo Federal para conter a epidemia, nenhum manifestante é encontrado pelas ruas do país em meses e já é possível afirmar que foram erradicados. Os sintomas mais conhecidos, como bater panelas, tirar selfies com a Polícia Militar, histeria em torno do preço dos combustíveis, gritos anticorrupção, impunidade, roubo e outros, já não são mais encontrados entre o grupo de risco, que já apresentou melhoras consideráveis e, às vésperas das eleições, sequer reclamam do preço do dólar ou de malas de dinheiro encontradas em apartamentos. Um porta-voz do Governo garantiu que a aplicação das doses da vacina contra a febre verde e amarela já começaram a ser suspensas. O período considerado mais crítico foi durante a aprovação das reformas trabalhista e da previdência. Os movimentos que animam os protestos da classe média sumiram como que por encanto, como se nunca tivessem existido. No entanto, no início do mês de dezembro, estavam “bombando” nas páginas da mídia, e exaltados como decisivos para os rumos do país

 

  Já é um fato interessante constatar que esses “grupos” ora são vistos como as “forças da democracia”, ora recebem um cala boca e são banidos do convívio público. Movimentos democráticos teriam, necessariamente, que comparecer diariamente na mídia, opinar, contradizer, discutir, e dar sua opinião sobre todos os assuntos políticos. No entanto, os nossos movimentos democráticos de classe média simplesmente não existem para nenhuma das ações vitais de uma vida política democrática normal. Sua existência é marcada pela ausência e o completo desprezo que a mídia lhes devota, salvo em datas em que é preciso criar uma certa miragem. Na verdade, não passam de coadjuvantes, de intermediários, de ‘claques’ que devem aplaudir ou vaiar no momento indicado. Foi isso que aconteceu no início de dezembro, e o que fez a mídia lembrar da existência dos “movimentos”. Eles foram tirados do armário, espanados, e postos devidamente apresentáveis nas manchetes. Mas, por que sumiram? Para saber por que sumiram, é necessário saber primeiro porque entraram. Era o assunto da lei do abuso de autoridade e da luta do Congresso contra o Judiciário e a Lava Jato. Os movimentos foram convocados às ruas para dar seu apoio, já não a favor das Dez Medidas, que tinham sido destroçadas na Câmara, mas contra a lei que prometia cortar as asas dos procuradores, juízes e outras autoridades habituadas ao abuso de autoridade. Abusos como os de Sérgio Moro, que levou Lula para depor coercitivamente em 04 de março, ou como os dos procuradores da Lava Jato. É essa impotência que explica que os movimentos, uma vez terminada a sua tarefa de servir de povo, de construir a miragem de um apoio, são tirados de cena. Eles nada representam, a não ser quando a mídia os coloca em cena e dá um zoom nas suas magras performances. Por isso, logo que cumprem o seu papel, são trancados no armário, desativados, até que outra oportunidade para manipular seus seguidores apareça, como por exemplo o julgamento do Presidente Lula.

  No último dia 24/01, que foi marcado para o julgamento do ex-presidente, um pequeno grupo não vacinado e sim manipulado por uma mídia e por integrantes do MBL golpistas, um pequeníssimo e fracassado grupo de idiotas realizaram um protesto em frente ao edifício onde localiza-se o triplex, em Guarujá, no litoral de São Paulo, atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em primeira instância por suspeita de receber propina. Ficou comprovado que desde às 18h, um grupo de aproximadamente 50 pessoas se reuniu em frente ao Edifício Solaris, localizado na orla da Praia das Astúrias. Com faixas e cartazes, os manifestantes defendem que a pena ao ex-presidente seja mantida, que ele também seja preso e que a Operação Lava Jato siga adiante. O ato foi organizado previamente pelas redes sociais.

  As controvérsias e incoerências dos líderes e criadores do MBL acompanham o crescimento do movimento, que nasceu com o objetivo de mobilizar as ruas a favor do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), de pregar o liberalismo econômico e exigir o combate à corrupção. Com relação a este último ponto, eles ainda concentram seus ataques, de forma obsessiva, ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É muito complicado não tem como entender como as pessoas seguem este Movimento que falam pouco, contudo, de políticos como o senador Aécio Neves (PSDB) e o presidente Michel Temer (PMDB), ainda que o primeiro tenha sido gravado pedindo dinheiro a Joesley Bastista, da JBS, e o segundo tenha sido alvo de duas denúncias por corrupção e organização criminosa da Procuradoria-Geral da República. Parece que os seguidores de Kim Kataguiri gostam mesmo de serem idiotas, pois ele só articula em torno de alguns temas, atacando principalmente o antipetismo no qual Isso explica o alinhamento com o PMDB e o PSDB. O fiasco do protesto do MBL e Vem pra Rua sinaliza o cansaço do morismo e a falta de rumo da direita xucra. O Movimento Brasil Livre, de Kim Kataguiri, está custando explicar para seus seguidores abestados, porque seu movimento pede o fim da corrupção apoiando os governos de Temer e João Doria Jr.

  Apesar de Michel Temer ser ficha-suja e citado na Lava Jato, assim como boa parte de seus ministros, panelas não são mais ouvidas. Onde foram parar os manifestantes com as caras pintadas de verde e amarelo e vestindo camisas da CBF? Não ouvimos mais panelas se batendo, não vemos caras pintadas e nem grande escala de grupos com a camisa verde e amarela. Não acredito em generalização, claro. Não somos todos nós os hipócritas. Pelo menos os hipócritas da vez. E sim eles, os “Verdes e Amarelos”, você que está lendo este texto talvez faça parte desse grupo. Capaz que você nem imagine o quão hipócrita é, por apenas ter servido como massa de manobra de interesses mesquinhos de um grupo bem específico. Mas, talvez você saiba da sua hipocrisia, e não tenha a menor vergonha de admiti-la. Falta vaciná-lo contra esta febre “Verde e Amarela de protestar”, assim, esta gente, pouco se importam com o ajuste fiscal. Terceirização, privatização e corte em programas sociais, pois esta ideologia está ligada aos mais corruptos deste país, como Aécio Neves, Globo, Michel Temer entre outros. Pelo menos 7 dos novos ministros indicados por Michel Temer estão sendo investigados pela Justiça. Alguns até mesmo são investigados pela Polícia Federal na operação Lava Jato. Nem por isso o grupo fascistoide Revoltados On Line fez protesto na frente da casa desses novos ministros, assim como o fizeram quando Lula foi quase indicado para o Ministério da Casa Civil por Dilma. E o senador Aécio Neves? O ministro do STF, Gilmar Mendes, em menos de 24 horas, aceitou os argumentos do tucano e seus advogados, suspendendo as investigações sobre Aécio no caso de Furnas.

  Os sionistas não vacinados contra esta febre verde e amarela diziam: “primeiro derrubamos a Dilma, agora iremos derrubar o restante”. Não, amigo. Não vão não. Esses grupos que organizaram os protestos contra Temer já fazem campanha em defesa de seu novo governo. Talvez porque enquanto vocês torravam no sol durante a mega-ultra-manifestação na Avenida Paulista, esses caras que lideram tais grupos estavam ali nos bastidores, negociando cargos e ganhos em cima de tudo isso. Ainda dá tempo de negar essa hipocrisia, e entender o jogo como funciona, pois, os manifestantes estão pagando o pato vergonhosamente na maior cara de pau e certamente rasgaram a própria CLT e todos seus direitos com os próprios dedos. Coitados! Vacinem contra a febre Verde e Amarela que te atacou, ainda há tempo.

 

*Possui graduação em História pela Instituição Educacional Cecilia Maria de Melo Barcelos Faculdade Asa de Brumadinho, Minas Gerais, (2012). Graduado licenciado em Artes Visuais pela Faculdade de Nanuque, Minas Gerais, (FANAN) 2015. Tem experiência na área de História com ênfase nos seguintes temas: Ciência política e políticas públicas sociais e educacionais, história contemporânea e do tempo presente. Arte contemporânea em relação ao público escolar, arte pública e poder público. Aborda principalmente os seguintes temas: História social da cultura, políticas públicas governamentais e educacionais, arte no espaço urbano e espaço arte. Músico tocador de flauta transversal e artista especialista em desenhos realistas. Tem vasta experiência com ensino fundamental e médio. Atua como professor da rede Estadual de ensino nas disciplinas de história e arte, atualmente leciona arte em duas escolas da rede pública na cidade de Betim e Contagem/MG na modalidade Fundamental e Médio, atualmente direciona o Instituto do Patrimônio Histórico da Cidade de Betim. Coordena e participa de grupos de pesquisa e seminários em estudos voltados para as políticas públicas desenvolvendo projetos sociais junto ao movimento dos trabalhadores que contribui com o processo de reforma agrária e por uma sociedade mais justa.


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